domingo, 21 de setembro de 2014

A ANDROPAUSA DE UM ANDRÓIDE


Com céu nublado eu bebo e caio assim:
Só durmo o dia todo, até sem mim, 
Escravo dos penduricalhos sou.

Com sol no céu espero a nuvem negra
E causo mal a mim; transgrido a regra:
Escravo dos penduricalhos sou.

Com céu nublado então não vejo estrelas,
Só durmo trêbado, e meu sonho é tê-las:
Escravo dos penduricalhos sou.

Com lua enfim no céu inutilizo:
As próteses, os chips e os avisos;
Escravo dos penduricalhos sou.


Marcelo Finholdt

sábado, 26 de julho de 2014

CANTIGA DE AMOR

Hipertexto por Marcelo Finholdt

(Intertextualidades com :

Nuno Fernandes Torneol - século XII 
e Legião Urbana - Disco 5, 
canção "Love Song" - 1991)


Mote

Pois nasci sem ver amor

E ouço del alguém falar.
Dói enfim estar na dor,
Pero sei me quer matar.

Glosa


Pois nasci sem ver amor

Neste mote... a trovar.
Sinto frio, em mim calor,
Mesmo aqui a beira mar.

Rogarei a mia Senhor

E ouço del alguém falar.
Traz o vento seu olor,
Pois desejo então provar.

Mia Senhor me traz sabor

Não distante de meu lar.
Dói enfim estar na dor,
Deste sonho a incomodar.

Nunca amor me trouxe o ardor,

Vi fugir e me espancar,
Mia Senhor, feitio de flor,
Pero sei me quer matar.

Marcelo Finholdt



Cantigas Galego - portuguesas


LOVE SONG (Legião Urbana - disco 5)



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

MEDIEVALESCAS TROVAS AO AMANHÃ




Ser Poeta é amanhecer
Entre o ontem e o amanhã,
Simplesmente assim: só ser
Nobremente um Bon Vivant.


Ser Poeta é amanhecer
Bem juntinho, junto a ela,
Nobremente assim: um ser
Simplesmente só; só dela.


Ser Poeta é amanhecer
Com memórias no presente,
Simplesmente assim e ver
Nobremente lá na frente.


Marcelo Finholdt

domingo, 28 de julho de 2013

TROVA DO MEIO





por Marcelo Finholdt

Diariamente morria 

a cada momento, assim: 
Morria enquanto vivia 
depois do início do fim.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CANTIGA DE ESCÁRNIO




Por Marcelo Finholdt


Na taverna do Babaca,
Muitas Putas e Panacas:
Todos sim, cheirando à merda!

Se o igual atrai o igual,
O normal atrai normal:
Todos sim, cheirando à merda!

Idiotas, Trapaceiros
Agiotas sem dinheiro
Todos sim, cheirando à merda!

Vão lambendo gelo e uísque,
Esperando que alguém pisque: 
Todos sim, cheirando à merda!

sexta-feira, 30 de março de 2012

LUA[NA] SERESTA


(Dedicado à amiga Luana Centurião)
por Marcelo Finholdt

Vejo a Lua prateada,
Vejo de ouro a chuva prata,
Vejo a noite: que estrelada.
Vejo a Lua em serenata.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

SENTIMENTOS E DESEJOS

Cantiga de Amigo
Por Marcelo Finholdt


Nesses campos, no cerrado
Procurei por meu amado,
Reclamei do fado dado.

Nesses montes, nas colinas
Procurei vocês meninas,
Reclamei do fado dado.

Reclamei do fado posto
C’oas meninas num desgosto
Reclamei do fado dado.

Reclamei do posto fado,
C’oas meninas pelo prado
Reclamei do fado dado.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CANTIGA DE AMIGO


Por Marcelo Finholdt

Flores novas, muita cor:
Plantei, encharquei d’amor
Num mar de inconstantes ondas.

Flores novas, muita dor:
Plantei, encharquei por pôr
Num mar de inconstantes ondas.
  
Mia senhor as enviei
Quanto então as despejei
Num mar de inconstantes ondas.

Mia senhor as entreguei
Quanto então as replantei
Num mar de inconstantes ondas.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

TROVA QUE ESTORVA


Foi às lágrimas, ferido
Por ter sido abandonado;
Magoado e entristecido,
Esquecido... enxotado.


M. Finholdt - Setembro de 2002.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Trovas à Morte!

 
(avec tristesse)
Por Marcelo Finholdt

Mote
Venha! Morte e esfregue o manto:
Nesta face feito o vento,
Em meu corpo nada santo,
Venha com o céu cinzento!

Glosa
Venha! Morte e esfregue o manto!
Deixe ao cheiro do jasmim
Eu ouvir sua voz, seu canto,
Ecoando bem em mim!

Venha e esfregue o manto agora
Nesta face feito o vento!
Eu prefiro nesta hora,
Neste instante, sem momento.

Venha! Morte e esfregue tanto:
Embriague-se em sentidos,
Em meu corpo nada santo,
Meus cabelos, pés e ouvidos.

Morte! Arraste o manto e venha:
Imponente no advento,
Deixe os outros co’a resenha,
Venha com o céu cinzento!

Trova à eterna volta ao ventre.



Certa vez, com céu escuro
Avistei o interior;
Vi conforto e então, seguro:
Desisti do exterior.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Efêmero sim! Sou. Pai? Jamais. Não contribuirei com o teatro da vida.

 
Por Marcelo Finholdt 
(A nossa vida falsa.)

Todo dia vivo o antigo
Para o tempo nada tenho.
Para lá de meu jazigo:
Eis agora meu empenho!

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Poeta Afogadiço


    Por Marcelo Finholdt

    Mote

    Baça é a vista na cachaça
    D'um artista num enguiço,
    Convocado ao compromisso,
    Tece versos da cabaça.


    Glosa

    Bela moça em sua graça,
    Muito viu e assim foi vista,
    Instigou na face o artista,
    Baça é a vista na cachaça.

    Um omisso afogadiço
    Ouve sempre, bebe e vê,
    Acostuma-se sem ser
    Convocado ao compromisso.

    Tenta a moça, faz pirraça,   
    Bebe, vê, reflete e sente,
    Que o artista incoerente,
    Tece versos da cabaça.

    Encharcado e insubmisso,
    Segue o artista seu trajeto,
    Segue a moça sem o afeto,
    D'um artista num enguiço.


    Marcelo Finholdt - primavera de 2005
    finholdt.marcelo@gmail.com

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ofélia I - da prosa para o mote e glosa.





Por Marcelo Finholdt


Mote

Fiquei logo sem defesa.
Em seus braços, no calor:
Vento trouxe a camponesa,
No trigal senti o olor...



Glosa

Cá nos campos, entre o trigo,
Sob o céu azul turquesa
Nosso natural abrigo,
Fiquei logo sem defesa.

Vento amável, amador!
Trouxe Ofélia p’ro meu lado,
Em seus braços, no calor,
Seu olor, um bom agrado.

Ah! Dourado era o lençol,
Vento trouxe a camponesa,
Tudo ardia sob o sol
E inundava a correnteza...

No trigal senti o olor...
Conheci então nobreza
Sob as vestes desse amor
Naveguei na natureza!

terça-feira, 16 de março de 2010

Prunus Persica



Por Marcelo Finholdt
Inspirado em Domila Pazzini, com carinho.

Mote


Pesseguinha cheira à rosa,

Rosa é flor de forma bela,
Bela! mote para a glosa,
Glosa: rosa flor que é ela.



Glosa


Pesseguinha cheira à rosa,

Sorridente e com covinhas,
Amorosa e toda prosa,
Ela é rosa: pesseguinha!

Rosa é flor de forma bela,

Desconhecem mais doçura,
Nunca assim pensaram nela:
Dolce rosa, rosa cura.

Bela! mote para a glosa,

Pessegueiro novo céu,
Pesseguinha é amorosa,
Vai além, além do véu.

Glosa: rosa flor que é ela,

Faz o pessegueiro ver,
Que sem ela nada vela,
Que sem nela nada é ser!


domingo, 17 de janeiro de 2010

Balcão de corvos



Por Marcelo Finholdt

Mote

Logo os corvos só dormiam,
Pois achavam-se experientes,
De um só olho então doentes,
Para o que eles não saciam.


Glosa

De um balcão, faziam beira,
Corvos cegos, indecentes,
Pois achavam-se experientes,
Tudo olhavam sem maneiras.

Corvos sãos? uns sãos boçais,
De um só olho então doentes,
Logo o tal, intermitente,
Camuflado em seus anais...
.
Logo os corvos só dormiam,
Muito riso, uísque e o gesto,
Deste modo vil. Honesto?
Corvos! nada percebiam...

Riam, riam e gemiam!
Demonstravam plenitude,
Artifícios de atitude,
Para o que eles não saciam.